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Canindé diz “não tem dinheiro” — mas documentos revelam gastos milionários na Prefeitura

Crise seletiva? Enquanto cancela festa das mães por “falta de recursos”, prefeito de São Rafael assina contratos que somam mais de R$ 2 milhões em abril e maio
O prefeito de São Rafael/RN, Francisco Canindé Pinheiro dos Santos- Canindé da Farmácia, gravou um vídeo no qual alega estar enfrentando a “maior crise financeira já vivenciada” no município, justificando, com pesar, o cancelamento da tradicional festa do Dia das Mães. Contudo, documentos oficiais obtidos pelo São Rafael Noticias, revelam uma realidade que, no mínimo, contradiz o discurso do chefe do Executivo.
Em um pronunciamento publicado em suas redes sociais nesta quinta-feira, 15 de maio de 2025, o prefeito Canindé afirmou que o município sofreu bloqueios no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), totalizando R$ 296 mil em abril e outros R$ 236 mil no início de maio, além de compromissos com o INSS e precatórios.
No entanto, o prefeito omitiu um dado crucial: mesmo com os bloqueios — que já vêm se arrastando desde a gestão anterior, incluindo dívidas herdadas do ex-prefeito José de Arimateia Braz —, o município recebeu valores expressivos. Somente até o último repasse do FPM, no dia 9 de maio, São Rafael recebeu R$ 731.495,68. E mais: está previsto um novo repasse no dia 20, no valor de R$ 158.612,48.
Somente em abril de 2025, o município de São Rafael teve R$ 2.331.578,82 de créditos distribuídos via FPM, ICMS, royalties, Simples Nacional e outros fundos. Em maio (até 14/05), o valor já soma R$ 1.403.080,56, conforme o Demonstrativo de Distribuição de Arrecadação. documentos em anexo:
Anexo1
Anexo 2
A título de comparação, os valores bloqueados somam pouco mais de R$ 532 mil (abril e maio), o que representa menos de 15% do que entrou nos cofres municipais no mesmo período. Portanto, ao contrário do que sugere o prefeito, a receita líquida disponível permaneceu significativa.
Contratos milionários em meio à “crise”
Enquanto o prefeito anunciava o cancelamento da festa por “responsabilidade fiscal”, a Prefeitura de São Rafael seguia firmando contratos vultosos com dispensa de licitação.
Em abril e maio de 2025, foram firmadas contratações que somam R$ 2.041.169,61, com destaques como:
- R$ 1.194.740,30 para aquisição de gêneros alimentícios com a empresa C J de Araújo Pessoa ME;
- R$ 44.918,00 para curso preparatório para o IFRN;
- R$ 32.800,00 com empresa de publicidade;
- R$ 21.178,50 com a empresa Comercial de Miudezas Freitas Ltda para compra de canecas do Dia das Mães, conforme publicado no Diário Oficial.
A contratação das canecas, datada de 6 de maio — três dias antes do vídeo em que o prefeito cancela o evento —, desmente diretamente o argumento de que não haveria recursos sequer para uma comemoração simbólica.
Fonte: Diário Oficial/ Portal da Transparência
Outro ponto crítico omitido pelo prefeito diz respeito aos salários atrasados herdados da gestão anterior, que seguem sem regularização. Enquanto novas contratações são assinadas e empenhos com brindes comemorativos são realizados, servidores aguardam um direito básico: receber pelo que já trabalharam.
Contradição entre discurso e prática
A incoerência entre o discurso de austeridade e a prática administrativa revela uma possível tentativa de manipulação da opinião pública. A justificativa emocional — “fico triste e decepcionado” — contrasta com a caneta fácil na hora de assinar contratos com valores expressivos e com empresas selecionadas por dispensa de licitação.
Não se trata de negar as dificuldades enfrentadas pelos municípios brasileiros com os bloqueios previdenciários. No entanto, quando há dinheiro para publicidade, cursos, alimentos, hospedagem e brindes, mas não para uma simples homenagem às mães ou para quitar salários atrasados, a prioridade da gestão merece ser questionada.
OPINIÃO:
O vídeo do prefeito é uma peça de comunicação bem construída, mas omite dados fundamentais. Transparência, neste caso, parece ser aplicada de forma seletiva, e o critério de “racionalidade administrativa” surge apenas para cortar eventos populares — aqueles que mais geram identificação com a população.
Fica a pergunta:
Se a crise é tão severa, por que contratos milionários continuam sendo firmados quase semanalmente?
Enquanto as mães esperavam por reconhecimento e os servidores esperam por seus salários, as empresas contratadas pela Prefeitura não têm do que reclamar.
Jornalismo é, acima de tudo, um compromisso com a verdade. Continuaremos acompanhando.
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